Existe mesmo uma classificação dos pecados? ainda se fala em pecado mortal e venial?
Só é correto falar de pecado a partir do Evangelho da misericórdia e de uma vida vivida como seguimento de Jesus. O projeto de vida plena para as pessoas humanas foi ensinado e vivido por Jesus. No seguimento de Jesus, nas vivências e atitudes concretas, provenientes de nossas livres decisões, é que vamos construindo nossa maior ou menor adesão a ele e ao próximo, ou nosso rompimento com ele e com o próximo.
Existe algum critério para avaliar isto? A Bíblia fala-nos de mandamentos. Essas são indicações seguras para o nosso agir. Ela também fala de diferente gravidade que pode existir as ações que praticamos: há pecado que não conduz à morte (cf. 1Jo 5, 16-17). A partir da luz que vem da Palavra de Deus, nossa Igreja nos ensina que há pecados que rompem nossa comunhão com Deus, destroem a graça de Deus no coração da pessoa humana (pecados mortais).
Todos somos efetivamente pecadores! "Se dissermos: não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós..." (1Jo 1, 8-9). Mesmo permanecendo no amor de Cristo, são Tiago diz: "Todos nós tropeçamos frequentemente" (Tg 3, 2). No Pai Nosso, Jesus nos ensinou a pedir "Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido" (Mt 6, 12).
Nossos pecados podem ser ações ou omissões que dizem a respeito a Deus, ao próximo, a nós mesmos ou à natureza, e devem brotar do "coração da pessoa" (da consciência), e com suficiente conhecimento e livre deliberação. É bom senso pensar que em qualquer desses campos existem aspectos mais graves e outros menos graves. Mais importante, porém, é estar convencido e empenhado na exigência radical da conversão proposta pelo Evangelho, que é o caminho para a santidade. Não penso que todos os pecados graves possam ser equiparados aos pecados mortais; tão pouco que os pecados veniais sejam considerados não-sérios. Gosto desta comparação: "pensar que os pecados veniais não possam ser sérios ou graves é tão irracional quanto considerar todas as doenças e enfermidades como não sendo sérias, pois só a morte é que seria graves" (Bernard Häring, teólogo).
Precisamos, sim, arrepender-nos dos pecados veniais e converter-nos, mesmo porque, do contrário, vamos contraindo hábitos e vícios que podem obscurecer valores, tornar-nos insensíveis ou diminuir nossa liberdade e capacidade de crescer na prática das virtudes e do bem.
Tem ainda um aspecto que considero dos mais importantes. Pelo Batismo, nós não somos membros do corpo de Cristo? "Se um membro sofre, todos os membros compartilham o seu sofrimento, se um membro é honrado, todos os membros compartilham a sua alegria" (1Cor 12, 26). Todo pecado diminui a presença efetiva da salvação e aumenta as forças do mal. Lesa também a salvação de nossos irmãos e é uma ofensa a Cristo que morreu por todos.
Ter um coração convertido é ser luz para o mundo!
Veja mais: Pe. Paulo Ricardo explica com mais afinco o que é um pecado mortal.
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