quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Catecumenato e Catecúmenos

Nos Primeiros séculos da Igreja, o catecumenato teve grande importância. Perdeu sua força por conta da afirmação definitiva do Cristianismo e da prevalência do Batismo de crianças. Reapareceu no século XVI, em terras de missão. Numa sociedade descristianizada como a nossa, ele se tornou uma necessidade pastoral.

   Hoje, quantos pais e padrinhos dão garantias ou fundada esperança de que a criança será educada na religião católica? "Se essa esperança faltar de todo, o Batismo seja adiado" (cân. 868, §1, n 2°). Quais as reais motivações dos pais e padrinhos que não tem vivência eclesial ou quase nenhuma, não estamos colaborando para a banalização e o entendimento mágico do Batismo? A restauração sistemática e a revalorização do catecumenato não serão o caminho para uma Igreja mais viva e testemunhal na sociedade atual?
   O Concílio Vaticano II restabelece o catecumenato dos adultos (Sacrosanctum Concilium, 64) e define a sua natureza e as finalidades, afirmando que "o catecumenato não é mera exposição de dogmas e preceitos, mas uma educação de toda a vida cristã e uma educação de toda a vida cristã e um tirocínio de certa duração, com o fim de unir os discípulos com Cristo seu Mestre" (cf. cânon 788, §1 e 2). Portanto a iniciação cristã dos adultos, catecumenato, é um processo em que as verdades da fé são integradas à vida. Há diversos passos para serem dados na caminhada testemunhal : a) quando alguém se aproxima de uma conversão inicial, deseja-se tornar-se cristão e é recebido pela Igreja como catecúmeno; b) quando, já adiantado na fé, é admitido a uma preparação mais intensiva para os sacramentos; c) depois de uma preparação espiritual, recebe os sacramentos da iniciação cristã. 
  Qual a duração do catecumenato? O Ritual da Iniciação Cristã de Adultos orienta: "Nada pode ser estabelecido a priori. Compete ao bispo determinar o tempo e a disciplina do catecumenato... A duração do tempo do catecumenato não só depende da graça de Deus como das diversas circunstâncias...". 
  Catecúmenos são os não batizados que manifestam vontade explícita de se incorporar à Igreja, já acreditam em Jesus Cristo e levam uma vida de fé, de esperança, de caridade juntamente com os batizados. "Já pertencem à casa de Cristo" (Ad Gentes, 14, 4), embora ainda não sejam cristãos. fazem parte da comunidade eclesial de modo não pleno. Só o Batismo realiza plenamente a incorporação à Igreja. Preparam-se  oficialmente para receber os sacramentos da iniciação cristã. "A Igreja, por sua vez, dedica cuidado especial aos catecúmenos e , quando os convida a viver uma vida evangélica e os introduz na celebração dos ritos sagrados, já lhes concede diversas prerrogativas, que são próprias dos cristãos" (cân. 206, §2). 
    De quais prerrogativas ou direitos os catecúmenos gozam? podemos citar: a liberdade de abraçar a fé, como qualquer ser humano (cf. cân. 748, §1); o direito às exéquias eclesiásticas (cân. 1183, 1); São membros da comunidade cristã, entendida na sua dimensão social e não enquanto Igreja como Corpo Místico de Cristo (cân. 206, §2 e 788, §2); o direito de participar, dentro de certos limites, da liturgia e da atividade pastoral da Igreja (cân. 788, §2);  o direito à instrução religiosa geral e específica (cân. 788, §2) ; o direito natural á liberdade de constituir ou participar de associações de catecúmenos ou até de associações de fiéis; o direito e o dever de participar ativamente na realização dos fins da Igreja (cân. 788, §2); o direito de professar a fé cristã, de receber os sacramentais e o dever de levar uma vida evangélica (cân. 788, §2); e , sobretudo o direito de receber o Batismo. 

"Nós, com o Batismo, somos imersos naquela inexaurível fonte de vida que é a morte de Jesus, o maior ato de amor de toda a história; e graças a este amor podemos viver uma vida nova, não mais à mercê do mal, do pecado e da morte, mas na comunhão com Deus e com os irmãos." (Papa Francisco)


 “Convido vocês a manterem o entusiasmo dos momentos que os fizeram abrir os olhos à luz da fé; a recordar, assim como o discípulo amado, o dia e a hora em que pela primeira vez vocês sentiram Jesus, Seu olhar sobre vocês. E assim, terão sempre certeza do amor fiel do Senhor. Ele nunca os trairá!” (Papa Francisco aos catecúmenos) 

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