• Uma pregação itinerante
A pregação religiosa na Idade Média ocorreu de diversas formas, em muitas situações diferentes. Havia muitos pregadores pelas ruas, palácios, estradas, mercados, feiras, pequenas vilas e mosteiros. Buscava-se anunciar Jesus e os valores do evangelho em linguagem popular, por meio de histórias, exemplos, poesias... Papa muitos, essa era uma das poucas formas, se não a única, de anúncio do evangelho, de conhecer as histórias e personagens bíblicos e de aprender as virtudes cristãs.
São os monges que mais se destacam no exercício da pregação, em vários países da Europa. Na Irlanda, são esses pregadores que recordam as exigências cristãs, enquanto peregrinam ou perambulam de vila em vila, de cidade em cidade. No caminho, vão fundando mosteiros e generalizando a prática da confissão privada. Destaca-se entre eles, Columbano. Outros monges, de tradição beneditina, também se põem a caminho, como Agostinho e Beda, o Venerável, pregando e comentando as Escrituras.
Dessa forma, de país em país, o cristianismo vai se propagando entre os povos europeus, não sem as contradições e dificuldades humanas, como a língua, os costumes e os jogos de poder.
• As ordens medicantes
Os chamados monges mendicantes eram também pregadores. Viviam e pregavam a pobreza, denunciando a riqueza conquistada com usura, o que era contra os princípios evangélicos, e trabalhando para sua subsistência. O rosto do Cristo pobre era o modelo para esses homens e mulheres.
São Domingos, fundador dos Dominicanos, colocou a pregação no centro da atividade da ordem, o que exigiu uma reorganização da vida religiosa para que os irmãos se dedicassem ao estudo. Deram grande atenção à vida religiosa feminina, criando o que se chamou de "segunda ordem".
São Francisco de Assis fundou a ordem dos "Irmãos Menores". Sua decisão pela vida pobre tornou-se grande testemunho cristão do seu período, e também um modelo de vida para toda a humanidade. Junto com seus companheiros, Francisco sai a anunciar, com alegria, boa-voa da paz.
Os carmelitas, por sua vez, nasceram como ordem contemplativa, durante o tempo das cruzadas. Foram os seus reformuladores que deram à ordem também o caráter evangelizador, como Simão Stock, que foi um pregador popular. Assim, dirigiram-se às cidades, onde realizaram uma ação evangelizadora entre o povo. Com a reforma de Tere a D'Ávila e João da Cruz, houve a mescla entre a vida contemplativa e o espírito apostólico, sendo os Carmelitas os cofundadores da Congregação para a Propagação da Fé (1622).
Na atividade da pregação os monges premostratenses, ordem fundada por são Norberto de Xanten, também se destacaram. Eram pregadores ambulantes que tinham no apóstolo Paulo o modelo de evangelizador. Foram seguidos por homens e mulheres. Estas tiveram, pela primeira vez na Idade Média, um acampamento espiritual. Os monges ambulantes também se organizaram em mosteiros e dedicaram grande esforço na evangelização do povo simples. Dessa forma, foi-se configurado um certo tipo de sacerdotes, o do povo.
• Como pregavam
A pregação, como educação da fé, fica mais evidente no século XIII, quando os pregadores se tornam mais próximos do povo e procuravam usar o idioma local, como vimos pelo exemplo das ordens medicantes. Nem todos são sacerdotes e precisam de autorização da hierarquia da Igreja para pregar. Os que rompem com a doutrina e com essa forma de organização são considerados hereges.
Para combater as heresias, os pregadores utilizavam de várias estratégias, entre elas a de mudar o local do sermão nas Igrejas, com o púlpito no meio dos fiéis; a de pregar em lugares fora das Igrejas, como perto dos moinhos (são Domingos); o de utilizar a vida cotidiana como fonte para os exemplos.
Além disso, os ouvintes podiam participar das pregações, manifestando suas opiniões, perguntando, aplaudindo ou o contradizendo o pregador.
Os pregadores procuram também converter os muçulmanos pela persuasão do discurso. Vários vão acompanhar as Cruzadas com esse intuito, como são Bernardo de Claraval e são Francisco de Assis. Desse último, conhecemos a história de sua tentativa de converter o sultão do Egito.
Além de combater às heresias, as pregações possuíam também um caráter moral, com o ensinamento das virtudes e contra os vícios.
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